quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quem se apaixona não tem olhos vermelhos.

Nossa paixão é ardente de tal maneira que meus olhos ferviam quando nos encontrávamos, sentia na pele o seu calor, mais profundo, e mais intenso, que qualquer coisa nesse mundo, e igualmente sentia sua leveza e suavidade, tão quanto a um simples queimar de brasas.

Não digo que a paixão morreu, isso jamais, mas não precisamos mais disso. Nosso relacionamento passou para outra fase, como sempre ansiei, já se tornal tão espiritual que nossas mentes se cruzaram, e hoje já não sou mais eu. Sou mais.

Me lembro de quando sonhava a vida com ela, a empolgação, a felicidade...
Eu fui diferente, sabe ? Quero dizer, prematuro. Ao invés de esperar ser escolhido, furei a fila e fiquei em segundo. E olha que fiquei sendo o segundo por um eternidade.
Talvez por isso, após nossos encontros, não era possível guardar segredos, pois bastava meu olhar encontrar o dos meus amigos, e perguntas não eram necessárias.
Hoje posso ser mais tranquilo, e sonhos bobos não tem mais aquela mágica infantil.
Agora já estou mais próximo do que serei, e o compromisso me permite guardar segredos, pois quem ainda não sabe, não saberá pelo olhar, e talvez nem por um exame completo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Homem de dedos amarelos

O homem dos dedos amarelos, apesar de seu contínuo sorriso e aparente simpatia, não era bem aceito pelos outros.
Diziam eles que o homem de dedos amarelos sofria algum tipo de mutação. Tinham certeza de que era uma deficiência.
Não importa o quão burro eles eram e o quão inteligente o homem de dedos amarelos provava ser, ainda o caçoavam e excluíam como se fosse a própria escória da sociedade.
O que o homem de dedos amarelos possuía de verdade, nada tinha a ver com mutação ou deficiência. Não. Ele possuía, na verdade, uma característica das mais normais entre os homem desse mundo.
Ele possuía uma paixão, uma paixão tão forte e verdadeira, que encontrava com sua amada diariamente. Até que um dia ela lhe pediu, sem dar mais explicações, para que deixasse seus dedos amarelos, e ele deixou sem hesitar.
Ela não pedia mais, e ele mantinha a cor de seus dedos amarela, simplismente por amar ela.
A paixão do homem de dedos amarelos era tão significativa para ele, que um dia ele parou de se importar com os outros.

E a história se repete ainda hoje, os homens de dedos amarelos são tratados com desprezo, mas não dão a mínima, pois estão tão cegos de paixão que seus olhos já perderam todo o branco que alguma dia existiu ali.

Mas quem pode culpá-los de sua paixão ? Só quem amarela seus dedos com o avermelhar do verde sabe do que estou falando.