sábado, 17 de julho de 2010

Pelanóia.

Meus amigos, desculpe-lhes perguntar, é um assunto delicado e muito chato, mas hei de perguntar mesmo assim.
Quantos de vocês já não tiveram um momento de terrível paranóia ? Um tão grande que ao andar na rua, você vira-se e se depara com sua sombra lhe perseguindo ? E a parte que o faz extremamente perigoso e detestável ainda há de chegar. Quem nunca, de tanto pensar, e de tão rápido pensar, não conseguiu pegar uma idéia, um sonho, uma paixão, algo de sua cabeça, e em milésimos de segundos desmontar tudo em mil partes e diagnosticar cada uma delas com um erro ? E não fez isso apenas uma vez, mas várias, e por quantidades de tempo em que acaba-se desmontando praticamente tudo nas menores partes possíveis, e marcando cada uma delas como um erro astrônomico ? Isso é realmente perigoso meus amigos, e peço-lhes perdão por ter feito relembrarem-se de terrível momento, mas o fiz, pois uma descoberta de imensa importância acabei de realizar.
Não, não há cura para o terrivel momento preto e branco. Qualquer utilidade dada a você será estraçalhada com um terror de imensa velocidade e potência.
Mas trago comigo, um outro tipo de momento, imensamente prazeroso de tão raro que é. Chamo-a de Pelanóia. Ao invés de darmos o momento para a nóia, atacamos ela, deixamos que o momento seja dado pela nóia.
Não, não me entendam errado, a nóia nos dá a capacidade de pensarmos intensamente, mas se dermos o momento para ela, ela fará o momento à sua maneira. Porém, o que poucos sabem, é que se conseguirmos com que ela dê o momento pela gente, ficamos com tudo, e nada sobra para a nóia. Fazemos o momento a nossa maneira, exatamente como queremos.
Pegamos cada idéia, sonho, paixão, fruto de algum pensamento, e ampliamos em toneladas de acertos, em uma quantia de orgulho tão grande e satisfatória, que não há outra, a não ser a reação a mais primitiva a uma massante dose de felicidade, o sorriso. Não há o que fazer, a não ser sorrir consigo mesmo, quando se está acertando tudo o que fez, quando se está no seu caminho, quando se está orgulhoso de estar vivendo e sentindo cada batida de seu coração. É a felicidade em uma de suas formas mais brutas e intensas.

Porém queridos leitores, tenho de lembra-los, que assim como a paranóia, a pelanóia não é de toda razão. Paranóia é o turvamento da razão, o escurecimento da mesma. Pelanóia é a elucidação, o esclarecimento da mesma. De qualquer maneira você voltará ao normal, mas você não irá querer se importar com isso durante qualquer uma delas. Então, se sofreres, que termine logo, se curtires, que termine com uma boa dormida depois de uma intensidade de emoções e descobertas.

Pai.

Sempre que o encontro, não há sorriso no rosto. Sua indiferença faz-se notar, e seu desprezo ressalta a personalidade desse ser. Quantos olhares decepcionados já não dei, ao olhar para o chão ? Por quantas vezes, não me pergunto qual o motivo de minha presença em sua companhia ?

Mas nessas horas, permito-me lembrar de que há uma resposta, uma resposta colossalmente melhor, em comparação as ruins. Lembro-me que após um tempo, um sorriso verdadeiro e sincero, brota de seu rosto, e aí perco todo o medo, toda sua indiferença some, e toda a paranóia torna-se pelanóia. Lembro-me então que cansamos de concordar, sem nem precisar ouvir algo. lembro-me também que cada plano que orquestramos e contamos, coincidem com nossa vontade, e não há alguma dúvida que o realizaremos.

Porque sentados na sala, conversando, somos os dois estranhos mais normais do mundo.