quarta-feira, 30 de junho de 2010

SMFC

Ok, era muito mais fácil quando se decidiu que não era mais necessário decidir. Sim, eu estou falando de faculdade. Bem, quero dizer, após um tempo eu decidi realmente fazer uma, e adivinha só ? Reclamaram cara... Isso me lembra de uma síndrome que ouvi falar, a Síndrome do Membro Fantasma, que é basicamente quando alguém perde um membro do corpo em algum acidente e ainda sente como se o braço ou perna ainda estivesse ali.

Andei pensando, e cheguei a conclusão de que muitos seres humanos sofrem de uma síndrome muito parecida, a Síndrome de Falta de Contetamento Constante.


Quer dizer, seu pai e sua mãe nunca ficarão satisfeito com as escolhas que você tomar. Não culpem os pais, quer dizer, culpe-os sim, mas não esqueça de dividir a culpa entre professores, parentes, amigos, e a quem mais doer.

Não é tão ruim assim, é péssimo. Não importa o quanto você melhore, há sempre algo mais.

Pai: "Er, filho, como vai ? já pensou no que vai fazer ? Quer dizer, na sua idade eu também não sabia o que fazer, mas não importa o que decidir, escolha o que você quiser, não se sinta pressionado por ninguém, a vida é sua e de ninguém mais. Mas que seja federal pelo menos."

Filho:"Ah, que ótimo ! Pois eu estava realmente pensando em fazer astronomia na UFRJ! É bom saber que agora que eu já escolhi o quero fazer da vida, você me apoia não importa o que. !"

Pai:"Astronomia filho ? Isso não tem futuro, não dá dinheiro. Porque não direito ? Você ia se dar super bem ! É, isso, tira essa idéia da cabeça, começa a pensar direito em algo melhor para você, pois você sabe né filhão, eu só quero o seu bem."


Pois é, não importa o quanto você se esforce, eles nunca ficarão satisfeitos o suficiente. Sempre faltará algo que você deverá fazer para agradar, e quando o fizer, se prepare: Um tapinha nas costas e "Você não está usando todo seu potencial, mas estou orgulhoso do mesmo jeito".


A minha saída é: Mande todos a la merde.


Não agrade seus pais ou outras pessoas, eles vão morrer mesmo. Mas você vai continuar vivinho da silva no seu emprego infeliz que só serviu para dar presentes mais caros, para pessoas que nunca se contentarão, pois não conseguem, estão sempre querendo mais e mais.


De novo, A la merde !

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Será ?

-Diga-me cérebro, qual caminho devo seguir ?
E cinco túneis são iluminados pelo cerébro.
-Mas há tantos, por qual devo ir ?
E os cinco túneis continuam acessos.
-Estou vendo. Nas paredes dos túneis vejo diferentes situações, vejo números e preocupações, felicidades e contentações, mas nada me agrada, apenas me iludem para que pareçam o caminho certo.
-E são, meu amigo, esses são os caminhos que te indico, e os motivos você verá em cada um. Todos são reais, mas não lhe ofereço mais nada, apenas a realidade crua e fria.
-Então como indica-me um caminho sem sonhos ? Um caminho sem vida, apenas artificial ?
-Não, não se engane, há sonhos em meus caminhos, sonhos que se tornam realidades e verdades, mas são sonhos comuns, sonhos insípidos. Não há a esperança, apenas a verdade, a aconchegável e segura verdade.
-Esses caminhos são tentadores, há vida neles, mas não a vida que quero para mim, a vida que não tenho certeza se terei.
-Sim amigo, é verdade isso, mas o mundo é real e a vida é mais real do que parece, por isso não deve arriscar tudo por um sonho, ao invés de seguir com segurança um caminho com uma vida tranquila.
-Agora entendo. Seus caminhos me atraem para o mundo real. O que farei ? Desejo ser um sonhador, mas desejo ainda mais ser algo real.

-Estou perdido, não sei o que faço...

E esse ser, parado em seus próprios questionamentos, cochichava para si, a seguinte frase:
-Qual será o certo ? Qual será... ?

Qual

-Diga-me coração, onde devo ir ?
E bate o coração três vezes.
-Por aqui ?
E bate o coração três vezes.
-Gosto daqui... Mas porque não por ali ?
E bate o coração três vezes na mesma direção.
-Você prefere aqui, né ? Mas veja, há outro caminho, porque não ir por lá ?
E bate o coração três vezes na mesma direção.
-Eu falo a língua dos homens, chega de batidas e dê-me respostas !
E dessa vez o coração não bate nenhuma vez.
-Deixe-me entender porque ir por aqui e não por ali, estou perdido !
Mas continua o coração sem bater, e sem dar explicações.
E esse frustado ser, agora confuso também, se recorda de inúmeras vezes em que o coração acertara o caminho, mesmo sem dar-lhe explicações, e de outras inúmeras em que ele errara, e continuou sem dá-las.
Se recorda também, de não se recordar de alguma explicação do amigo, nunca ouvira nada além de batidas.
Apaixonara-se toda vez pelos caminhos indicados pelo inocente amigo, amara com dez vezes mais paixão os caminhos certos,e se arrependera cem vezes mais nos caminhos errados.
-Agora entendo. Esse seu caminho nada mais é que instinto. O que farei ? Temo me aventurar em jogos de azar, e temo ainda mais perder oportunidades.

-Estou perdido, não sei o que faço...

E esse ser, parado em seus próprios questionamentos, cochichava para si, a seguinte frase:
-Qual será o certo ? Qual será... ?

Paixão secreta.

Eu sei a palavra, eu sei a resposta para tudo.
Essa palavrinha, silenciosa e mortal. Sublime. Profana. Corruptora. Absoluta.

Fujo dela, mas sempre com passos pequenos, para não perdê-la de vista, pois um dia posso vir a precisar.

Não há um dia sequer em que ela não me venha a mente, um dia sequer sem que ela me esnobe, um dia sequer sem que ela me chame para a cama, onde teremos nossa primeira noite de núpcias, primeira e última. Cruel sedutora de olhos negros, pare de me tentar, pois sinto uma incontrolável vontade de te abraçar, tão grande como o prédio em que te encontrarei.
Não quero, mas entro em conflito, não há histórias boas de quem à encontrou, e mesmo assim sou seduzido, e conduzido lentamente para mais perto dela.
Agora mesmo, enquanto escrevo a metros e metros de altura, sinto o formigamento suave e gelado de seu toque em meu ombro, viro-me e a palavra aponta para a janela com grades desaparafusadas.

Até agora ainda não nos beijamos, mas não sei quanto tempo nos resta até o fim. Estará ele mais próximo do que espero ? Ou para minha surpresa, estará ele distante, tão distante que não consigo vê-lo chegar ?

Triste vítima que sou de tua profunda e grave voz, e alegre testemunha de sua grandiosidade e certeza. Ou seria ao contrário ?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Guerra

Estou no meio de uma guerra, mais perdido que cego em tiroteio. Na verdade mais perdido que um aleijado em tiroteio. Mais na verdade ainda, estou mais perdido que qualquer ditado possa expressar.
Essa guerra vai ter fim, e eu não gostarei desse fim, na verdade eu posso muito bem escolher quando será o fim, mas por medo decido por nada.

Estou cheio de verdades, não é? Mas esse é o ruim, as verdades. Você pode viver uma ilusão, e tudo ser belo e você ser famoso e a vida ser vivída. Mas a verdade te trai, pior que uma cascavél, pior que uma apunhalada nas costas dada friamente pelo seu melhor amigo, pior que qualquer coisa na vida, e muito provável também que na morte.
Eu sempre fui medroso, e não consigo encarar essa palavra, que bem grande e estampada na minha cara, me lembra a todo segundo que respiro que tenho que escolher algo de verdade, e tenho que sair do mundo imaginário onde sou tudo.

É, eu sou tudo, mas a minha cabeça está uma bagunça... É lá que ocorre a guerra, e os combatentes são vários, tão variados que não há como dizer quais são, pois tem alguns que nem sei de que lado estão. Venho sendo bombardeado por Baudelaire, Audoux, Fernando, mafiosos e pianistas que me enchem de palavras que, dizendo eles, me ajudarão a vencer a guerra. Mas também sou fuzilado por Tims Burtons, Woodys Allens, Tarantinos e tantos outros cabeças que não sei o nome, que me enchem de imagens e cenas inesquecíveis, e garantem à minha pessoa que esse pode ser o triunfo final que estou esperando para que essa guerra intermínavel cesse. Porém há também as lapeadas cruéis e sem piedade, cheias de redundâncias, de Jotas, Erres, Cês, e melodias tocadas pelos açoites ao acertarem em cheio meu crânio que parece viajar para outro lugar a cada nota emitida pela dolorosa zumbada que o terrível chicote musical emite, e é horrível pois sabem que nunca serei capaz de imitá-los e esse o porquê de tanto escárnio acompanhando essa dor alumbrante que sinto ao deparar-me com esse grupo, e a ironia logra do poder que exerce sobre mim para que eu saboreie ainda mais esse miraboalnte grupo.

O término precoce da vida aparece para mim não como solução, mas como refúgio, um meio de escapar dessa guerra para sempre. Mas apesar de medroso, nunca fui de fugir de minhas batalhas, então essa fuga passa longe de minhas possíveis soluções.

E fora de minha cabeça, nessa marmórea vida que se segue a cada dia, minha guerra infinda nada mais é que uma minúcia de adolescente, uma fase que todos passam. Mas porque então, para mim está sendo tão díficil trespassar por essa linha imaginária, que separa os pífios dos magnos ?