Não uma.
Não duas..
Não três vezes...
Com quatro de quatro por quatro meses
Alguém pode me dizer porque a sirene da polícia é tão irritante ? Ainda mais quando se está dentro do carro onde toca essa maldita sirene.
Ok, eu fui preso por porte de drogas, mas hoje em dia quem não usa é porque conseguiu o Almacard®, e isso não é algo que se queira se você ainda tem a capacidade de pensar.
Não sei qual é a pena, ou se o guarda vai aceitar o meu dinheiro, o que vai acontecer comigo eu só posso imaginar.
Ah ! Isso me faz lembrar de Paquetá, mais precisamente uma sexta feira em que choveu horrores e pavores...
-Ei ! Acorda Arnaldo ! Vamos, o sol tá ótimo !
-Hã ? Tá bom cara, o sol não vai embora, deixa eu dormir...
-Você que sabe, eu vou pra racha, se você quiser ir depois.
-Tá, claro, tá mais que certo....
Eu voltei a dormir, lógico. Não sou de me cortar todo, e o sol ainda virá outros dias, eu não vou deixar de dormir bem em Paquetá, fala sério.
Quando acordei eram dez para as seis, levantei, comi, e fui dar uma volta para refrescar a cuca. Lógico que eu estou falando de fumar, afinal, não há muita mais coisa que se faça aqui.
Voltei, comi o jantar, tomei um banho e fui pra cama, quando levantei já eram nove e quinze. Lógico que eu saíria atrás de um vinho, ou um cigarro e não voltaria tão cedo.
Quando saí estava gotejando, mas não choveria, e se chovesse, água nunca matou ninguém, certo ?
Nenhum sinal do meu amigo, então esqueci o vinho. Parti para uma rua aparentemente deserta, encostei-me na árvore, e acendi meu cigarro. Não era muito cheiroso, admito, mas não havia ninguém por perto para reclamar do cheiro.
Era o que eu pensava.
-Oi, boa noite. Você podia me dizer onde é a pedra da moreninha ?
-Boa noite senhor. A pedra está um pouco longe, mas é só andar e você chega lá, segue por aqui e depois vai pela direita.
-Obrigado, viu ? Até mais
-Inté.
Não sou de falar inté, mas nunca veria esse cara de novo, semana que vem eu saio daqui, e não tenho planos de voltar, mas não penso que me esquecerei tão fácil dessa ilha.
Novamente, era só o que eu pensava, pois depois de dar alguns passos, atender e desligar o telefone, aquele mesmo sujeito dá meia volta e começa a vir na minha direção.
-Boa noite, eu sou André.
-E aí André, como vai ? Me chamo Arnaldo.
-Então Arnaldo, eu ia lá pra moreninha, mas minha namorada disse que vai chover muito, quis ficar em casa. Você não se importa se eu acender um cigarro e ficar aqui um pouco, né ?
-De maneira alguma André, vai em frente. Mas sua namorada não vai se importar de você ter preferido fumar um cigarro com outro homem e deixado ela esperando ?
-Cara, ela é uma vaca, e eu não volto pra casa agora, quem não quis vir foi ela.
-Pois então, está tudo bem, se me permite posso dar um trago em seu cigarro ? Os meus estão acabando.
-Não queria que fosse de outra maneira Arnaldo, toma aí.
E foi nesse instante que a chuva começou a apertar, me escorei na árvore, e continuei fumando com o novo conhecido,André
-Arnaldo, essa chuva está realmente forte, e acho que não vai parar tão cedo, vamos para debaixo daquele toldo, ficaremos mais protegido da chuva com certeza.
De fato a chuva apertara muito mais do que eu esperava, e foi quando a chuva começou a ter essa força, que me lembrei que água já matou muita gente sim !
Corremos para debaixo de um toldo pequeno, depois fomos para outro maior.
-Porra André, o primeiro tava melhor ein ! Esse aqui tá chovendo horrores nas nossas pernas !
-Tá certo cara, mas se voltarmos agora pode molhar o cigarro, e sabemos que temos pouco. Vamos esperar a chuva diminuir para ir embora, nossas pernas podem ficar molhadas, as roupas que devem ficar secas.
Esperamos. Muito. Nunca gostei de relógio, e a bateria do celular do André tinha acabado segundos antes de vermos que já passava das onze. Estava pensando que iria ficar a marugada toda com ele, mas má companhia não era, e não me importaria de esperar mais um pouco.
-Ei ! Já sei ! A gente só não volta pro toldo por causa do cigarro. Vamos fumar aqui mesmo e depois voltamos para casa molhados, qual o problema ?
-Ótima idéia !
Não conseguimos acender o cigarro, porque agora chovia demais, e ventava, então com o cigarro na mão, o isqueiro na outra, as duas bem fechadas, corremos para debaixo do toldo da onde viemos. Nem o cigarro, nem o isqueiro molharam, e o agora estávamos cobertos, sem chuva na perna, no cigarro, ou em qualquer parte.
-Uhul ! Não disse que era melhor aqui, André ?
-Falou e disse amigo, agora não vamos mais perder tempo, e acendamos o bendito cigarro !
Ficamos na chuva por muito mais tempo, foi-se um cigarro, foram-se dois, e antes mesmo da chuva fraquejar, já eramos melhores amigos.
-E aí André, chegamos no final. A chuva diminuiu, mas parece que vai demorar pra acabar. O que diz de acendermos o último cigarro de nossa noite ?
-Katia Flávia, Arnaldo, Katia Flávia...
E foi nesse último cigarro, depois de tantos, as tantas horas da madrugada, estávamos fumando quando um carro passa e para na nossa frente.
Para os que ainda não sabem, os únicos carros de Paquetá são os que você não quer encontrar, pois nessa ilha, só dirige quem tem distintivo.
-O que vocês estão fazendo senhores ? E porque esse cigarro está aceso ? Entrem já no carro ! Agora !
Não tínhamos escolha a não ser entrar no carro da polícia, com a maldita sirene tocando. Quando entramos o policial desligou a sirene, voltou-se para nós, e disse bem calmo:
-Vocês sabem que é proibido fumar em Paquetá, não senhores ? Vocês estavam esperando o quê, debaixo daquele toldo pequeno ? A chuva começou tem horas, não me diga que vocês ficaram esperando ela passar desde as dez?
-Seu guarda, a gente estava sim esperando desde as dez, meu amigo inclusive estava lá a mais tempo que eu. Quanto ao cigarro...
-Que isso ! Não precisa falar mais nada ! É completamente compreensível que, devido a longa e cansativa espera, os senhores acenderam o cigarro porque não queriam correr o risco de molha-lo, e visto que estão esperando desde o início da chuva, não haveria nenhum problema em fumar enquanto a chuva não terminava.
Acredito que não teve outro momento na minha vida em que fiquei tão surpreso, e agradecido. Digo mais: Acredito que não teve nenhum outro momento em que simpatizei com um homem da lei.
-E vamos lá, eu não sou nenhum monstro. Se quisesse ser como os outros policias não teria entrado para a Polícia Verde de Paquetá. Agora, volte a acender o cigarro, e vamos terminar de fumá-lo, depois eu deixo-os em casa, são e secos. Bom, pelo menos mais secos que sãos, não ? hahaha
E foi com esse última risada do policial, que terminamos o último cigarro de nossa aventura. Depois o guarda cumpriu o prometido e nos deixou em casa.
Não me esquecerei jamais daquela noite, e agora me recordo que tenho o telefone daquele bom amigo, e no final ele disse-me que voltaria pra São Paulo, e aqui estou eu, mais uma vez no carro de um policial, mas acho que esse não me deixará em casa, e nem será tão amigável quando o outro companheiro da PVP. Bom, acho que o André ficará feliz em receber uma ligação minha, afinal, ele parecia um sujeito diferente, sem muitos amigos. Posso estar errado, mas eu sei que o número dele é o que estou discando agora, na delegacia, e espero que ele atenda esse telefone, que só toca e toca.
Esse é lá dos tempos de miséria:
"Estou trancado dentro de mim
A espera dela
A espera daquela
Que vai me salvar deste jardim
Este jardim cheio de pessoas sãs
Cheio de pessoas cristãs
Cheio de pessoas anãs
Cheio de irmãs
Que venha a loucura !
Que providenciará minha soltura
Desta escrota moldura...
Mas tenha cuidado, caro cidadão
Pois o que pode parecer um momento de inspiração
Na verdade nada mais é, que pura polinização."
Pois é leitorezinhos, estou de volta, como Ellas McDaniel, sabem ?
Enfim, esse texto é para gente normal, então dedico ele totalmente para vocês, gente normal que não se dá mal. Use como manual, tutorial, dicionário, que seja, vocês não vão entender mesmo.
Pois é, nem era eu que devia estar escrevendo isso, mas parece que ninguém consegue falar com alguém normal sem parecer um completo idiota, porque acredite se quiser, vocês caretas não conseguem nem entender um maluco, como então resolverão seus problemas ?
Enfim, cá estou eu a falar e falar, e vocês sem nada entender.
O Caio já tava meio pinel mesmo, certo ? Acontece cara, ele pirou de vez, ele teve uma idéia dessa de criar personagens diferentes para ajudar ele a escrever, e foi, se contentem.
Acontece que cada um escreve algo diferente e é isso que vem por ái, vocês ainda vão conhecer o resto e ... Porra, hoje não tem cerveja...
Chega, já conversei muito com pessoas. Não que eu não suporte elas, só não gosto quando estão por perto.
Enfim, eu sou o cara que ouve Doors. Por falar nisso vou ligar aquele rádio, bater um papo com o velho jimbo.
Adeus.
Hey... I'm beck.
Aproveita e traz outra cerveja.
Sabe, eu venho tentando dizer a vocês, o quão dificil é essa vida e o quão boa será e blablabla
É tudo lixo, sabe ? Não acreditem nele. Vida fácil é cerveja barata, Vamos lá....
Esqueça a meditação, Ray, volta pro Peyote, se você tiver uma bad trip tome outro e se mate.
A parada toda de lagarto não vale a pena, é só pura diversão caótica e não sei mais o que.
Allright, looks like we gonna have some fun tonight. - Jim Morrison
A liberdade é mesmo uma delícia, vocês deviam tentar...
Eu gostaria de assumir, acabar com essa palhaçada toda, acabar com tudo mesmo, do caralho estilo Rockn'Roll. foda-se, o que posso fazer ? Essa coisa de ser alter é gozada, quer dizer, você aproveita da mesma maneira, mas com um rosto e coração diferente.
Melhor parar aqui e pegar outra cerveja, que essa já acabou.
C. Nascimento
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